Pela primeira vez minha filha me via naquele frisson – era diferente de outros trabalhos. Sensível, minha Violeta percebeu o novo aroma. Trocar energias com ela foi fundamental.

No fim da tarde, dirigi até o Teatro Nathalia Timberg. Desde que fechamos parceria com esse Espaço Cultural ir até lá também se tornou uma deliciosa rotina. Camarim…. Espaço sagrado. É na coxia que o ator se abastece do outro, de quem faz acontecer junto. Observei minha equipe chegando, se arrumando. Conversas sobre mil assuntos. Ansiedade. Da nécessaire de maquiagem, criei o rosto da minha nova personagem.

Tocou o primeiro sinal. Alguém pergunta se o teatro estava cheio. Era nossa primeira pré-estréia de A Serpente, para imprensa e a classe artística. Frio na barriga. “Tudo bem, a Fernanda Montenegro diz ainda sentir isso”, pensei. Segundo sinal. Fecho os olhos e minha cabeça viaja. Refaço mentalmente todo o percurso que percorri até aqui.

“Como fiquei tanto tempo sem o teatro?” / “Por que estou aqui?” – perguntas contraditórias. Coração apertado.

Terceiro sinal. Uma saudação coletiva. Fomos para o palco.

Quando me dei conta estava ouvindo os aplausos. Este espetáculo já está tão entranhado em mim que o fiz na intuição, um mergulho sem proteção, sem racionalidade. As palmas continuavam. Agradeci e sorri. Sem o meu controle, algumas lágrimas caíram.

Família, amigos da classe artística – ou não – , minha equipe, e a imprensa que sempre prestigiou de forma respeitosa meu trabalho. Nossa trupe lhes apresentava A Serpente, de Nelson Rodrigues. Sob a direção de Nadia Bambirra, eu, Bruno Daltro, Tom Moreis, Laís Pinho, e Indira Nascimento, ensaiávamos há meses.

Entregamos o fruto do nosso trabalho.

Depois de abraços e uma explosão de emoções, dormi feliz.

>> Em tempo: a estreia de A Serpente acontece no dia 12 de fevereiro. Até lá daremos mais informações aqui, no meu site, e no instagram @a.serpente.

Beijinhos,