“Em 1874, London Sugar é prostituta em um bordel e está escrevendo um livro para expor seus clientes. Outro aspirante a escritor é William Rackham que visita o bordel e fica impressionado pela erudição literária de Sugar.”
Dessa forma, fomos apresentados à superprodução da HBO Pétala Escarlate, Flor Branca. Passando de canal em canal, procurando na madrugada algo para distrair a nossa insônia que não fosse canal de propagandas ou a vigésima reprise de alguma temporada de Friends, decidimos conhecer um pouco melhor essa prostituta da época vitoriana. Assistimos só o primeiro dos quatro episódios nos quais a reprodução da obra de Michael Faber foi dividida. Bastou. Assim que os créditos finais apareceram, juramos que aquele seria o próximo livro que leríamos.
Um livro é tão bom quanto completos são os seus personagens. Nesse, o que não falta são ricos personagens. Mas se engana se acha que, como em todos os outros livros, você vai conhecê-los assim tão fácil. Como o próprio narrador comenta, em Londres, é preciso ter contatos. Por isso, você começa na miserável Church Lane, sendo apresentado para um ninguém, subindo na escala social, para, enfim, se acomodar em Notting Hill e frequentar a London Season.
Por todo esse percurso, o narrador te leva quase que pela mão, antecipando suas preocupações e te apontando a direção certa. Ele te apresentará: William Rackham, o herdeiro das Perfumarias Rackham; Agnes, a sua doente mulher; Henry, o seu irmão pio e Emmeline Fox, por quem este está apaixonado. Mas mais do que tudo, ele te apresentará à inesquecível London Sugar. Poderia falar que ela é uma heroína nada convencional, mas é pouco. Faça assim… Pense em uma prostituta de 19 anos em Londres no final do século XIX. Fácil. Agora, acrescente o fato de ela ser autodidata e estar escrevendo um romance. O jornal Guardian comentou que esse livro, foi onde Dickens teria ido se pudesse. É verdade. Imaginamos o que Dickens acharia de Sugar. Com certeza, assim como nós (e como você, depois de ler esse livro), se deslumbraria.