Usar a dupla negativa:

Se pensar que a escolha existe e não tentar, ele vai continuar a representar como sempre pensou. Explore sempre a escolha errada que o leve para algum caminho, que venha na sua cabeça e continue lhe dando impulsos. É como um sentimento reprimido, que devasta até ficar à mostra se relacionando com tudo. Você também pode jogar isso fora assim que acontecer. E, se por acaso essa escolha “errada” funcionar, não vai ser uma boa escolha, mas uma ótima escolha, porque é completamente inesperada. (…) Temos que reagir pessoalmente ao texto, não importa o que venha, que seja bobo para os outros e até mesmo para nós. A única regra é que você não deve jamais machucar fisicamente o outro ator, ou atuar fisicamente de forma ameaçadora, invadindo o espaço do outro, tocando-o ou removendo-o, sem antes ter discutido ou ensaiado o encontro físico. Issa não deve ser aceito nem na escola, nem em nenhum espetáculo, não importa qual o tamanho do impulso agressivo naquele momento. (…)

Você não pode se preocupar com a consistência. Algumas vezes, um impulso que aparece contradizer o resto da personagem, dá a ela uma profundidade e uma complexidade totalmente novas. Se você tiver uma idéia num certo momento, não a rejeite por ela não combinar com as outras reações da personagem. Tente e veja se funciona. Essa é uma outra forma de trabalhar na negativa.

Tire as palavras que estão no texto:

Quando o ator e eu estamos explorando juntos o texto, digo-lhe para literalmente tirar as falas. A maioria dos atores não acredita no que a personagem está falando. Imediatamente, eles procuram um subtexto, o que eles pensam que a personagem está realmente falando, embaixo da superfície da frase. Acho que as personagens geralmente dizem exatamente o que falam, assim como na vida. E, como na vida, as palavras podem carregar um subtexto, que vai ressoar por si mesmo, se eu disser realmente o que quero falar. Mas se eu tentar atuar o subtexto, vou explicar demais, afastando a personagem da platéia. Sabendo demais, a platéia vai se desinteressar. E eu também. Mas atuar dizendo literalmente o que a personagem fala pode ser muito estimulante, permitindo muitas possibilidades a cada momento. Bom diálogo compartilha o fluxo e a irracionalidade da vida, revelando várias facetas da personagem. (…)

É muito importante investir um tempo explorando profunda e corajosamente. Nunca passar por cima de algo. Não deixe nenhuma fala do diálogo ou nenhum momento sem investigar. Não quero que o ator analise, mas isso não significa que não quero que ele pense na personagem e no texto. Ao contrário, quero o ator obsessivamente apaixonado pela personagem e pelo texto. Mas quero que pense de uma forma que não seja certinha e comportadas. Quero que perambule pelos diálogo da personagem, pelos seus pensamentos, sentimentos e experiências.”

RESUMO DO LIVRO PARAR DE ATUAR DE HAROL GUSKIN

 Beijinhos