ESTUDOS DA ATRIZ: TEATRO E SEU ESPAÇO – PETER BROOK III

O teatro rústico, livre da unidade de estilo, fala na realidade uma linguagem muito sofisticada. Uma platéia popular geralmente não tem muita dificuldade em aceitar incoerência de sotaque e figurinos, ou em saltar da mímica para o diálogo, do realismo à sugestão. Ela segue a linha da estória, sem saber que em algum lugar há um conjunto de padrões que estão sendo rompidos. É libertador, pois teatro popular é antiautoritário, antitradicional, antipomposo, antipretencioso. Este é o teatro do barulho, é o teatro do aplauso.

A INTENÇÃO DO TEATRO RÚSTICO É PROVOCAR EM INIBIÇÃO, ALEGRIA E RISO. JUNTO AO UM TRABALHO SÉRIO, EMPENHADO E PROVOCATIVO.

Teatro sagrado: trabalha com o invisível e este invisível contém todos os impulsos escondidos do homem.

Teatro rústico: diz respeito às ações do homem porque ele é terrestre e imediato, visto que admite a malícia e a risada

BRECHT acreditava que o teatro, fazendo o público ter consciência dos elementos de uma situação, estaria orientando o público em direção a uma compreensão mais justa da sociedade na qual vive e, portanto, a aprender em que sentidos essa sociedade é capaz de mudança. Esse elemento nos manterá atentos e alertas quando uma parte de nós deseja entregar-se ao sentimentalismo. Ex: acendendo a luz um segundo antes do clímax; um apito do contra-regra para interromper a cena; aplausos para a platéia.

JEAN GENET é capaz de escrever na mais eloqüente das linguagens, mas as impressões mais marcantes, as intenções visuais são um meio que justapõe elementos belos, sérios, ridículos, grotescos, etc. O poder da concepção é inseparável da série de artifícios técnicos.

CRAIG desejava uma sombra simbólica que substituísse uma floresta completamente pintada ao fundo porque havia chegado à conclusão que informações inúteis absorvem nossa atenção sacrificando algo mais importante.

GODARD foi muito influenciado por BRECHT. Sozinho fez uma revolução mostrando como pode ser relativa à realidade de uma cena fotografada. Onde gerações de diretores tinham desenvolvido leis de continuidade e cânones de consistência a fim de não romper a realidade de uma ação contínua. GODARD mostrou que essa realidade era outra convenção falsa e retórica. Fotografando uma cena e imediatamente despedaçando sua verdade aparente, Godard rompeu a ilusão morta e possibilitou a eclosão de impressões opostas.

O RELACIONAMENTO ENTRE UM HOMEM E A SOCIEDADE EM EVOLUÇÃO AO SEU REDOR É SEMPRE O QUE TRAZ UMA NOVA VIDA, DÁ PROFUNDIDADE E VERDADE À SUA AVENTURA PESSOAL.

O palco ELIZABETANO (séc. XVI) era como um sótão, uma plataforma aberta, neutra, onde se permitia ao teatrólogo ativar o espectador através de uma sucessão ilimitada de ilusões, cobrindo, assim que desejasse todo o mundo físico. Uma estrutura permanente do teatro Elisabetano, com sua arena plana e descoberta, sua grande sacada e uma secunda galeria menor de três níveis, separados e no entanto se misturando com freqüência. Um palco que era uma perfeita máquina filosófica. SHAKESPEARE obteve sucesso escrevendo peças que passam por vários estágios de consciência. O que possibilitou tecnicamente fazê-lo: a essência, na verdade, do seu estilo é uma rusticidade de textura e uma mistura consciente de opostos.

No passado, o teatro podia começar como magia: magia da festa sagrada ou magia quando as luzes da ribalta começavam a acender. Hoje, é exatamente o inverso. O teatro não é desejado e confia-se pouco nos homens de teatro; logo não podemos supor que o público se reunirá devota e atentamente, cabe a nós prender a sua atenção e forçar a sua capacidade de acreditar no que está vendo.

RESUMO DO LIVRO  “TEATRO E SEU ESPAÇO”  Peter Brook

MAYTÊ PIRAGIBE

Postado por:

Lathife Porto
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