PARA O ATOR – MICHAEL CHEKHOV XIX

CAPÍTULO 9: DIFERENTES TIPOS DE DESEMPENHOS

Vejamos agora que sentido prático tal interpretação do estado de espírito trágico pode ter para nós, atores. A investigação é extremamente simples. Tudo o que um ator tem a fazer quando prepara um papel trágico é imaginar, todo o tempo que estiver no palco (ensaiando ou, depois, diante do público), que “Alguma coisa” ou “Alguém” está a segui-lo, “Alguma coisa” ou “Alguém” que é muitíssimo mais poderoso do que sua personagem ou do que ele próprio. Deve ser uma espécie de presença sobre-humana! O ator deve consentir que esse espectro, fantasma ou aparição atue através da personagem que o inspira.

Assim fazendo, o ator nao tardará em realizar uma agradável descoberta, a de que não precisa exagerar seus movimentos nem suas falas. Tampouco necessita se enfurnar psicologicamente por meios artificiais ou recorrer a um pathos vazio a fim de conseguir grandeza, as verdadeiras dimensões de um estado de espirito trágico.

Tudo acontecerá por si mesmo.

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Postado por:

Maytê Piragibe