CAPÍTULO 8: COMPOSIÇÃO DO DESEMPENHO
Cada personagem na peça tem seus traços psicológicos específicos. Esses traços devem ser aceitos como um alicerce para a composição. A esse respeito, a tarefa do diretor e dos atores é dupla: enfatizar as diferenças das personagens e, ao mesmo tempo, cuidar para que elas se complementem o mais possível. A melhor maneira de cumprir essa tarefa é conjeturar qual dos três traços psicológicos domina cada uma das personagens – vontade, sentimentos, ou pensamentos – e a natureza de cada traço.
CAPÍTULO 9: DIFERENTES TIPOS DE DESEMPENHOS
Comecemos pela tragédia.
Que acontece a um ser humano quando ele, por alguma razão, passa por experiências trágicas (ou heróicas)? Sublimaremos apenas uma característica de tal estado de espírito: ele sente como se as fronteiras comuns de seu ego fossem derrubadas; sente que tanto psicológica quanto fisicamente está exposto a certas forças que são muito mais fortes, muito mais poderosas do que ele próprio. Sua experiência trágica chega, toma posse dele e abala todo o seu ser. Sua sensação, reduzida a palavras, pode ser descrita como: “Algo poderoso está agora presente lado a lado comigo, e isso é independente de mim no mesmo grau em que sou dependente disso.” Essa sensação permanece, quer seja causada por um conflito trágico interno, como no caso dos principais conflitos de Hamlet, quer o golpe provenha de fora e seja ocasionado pelo destino, como no caso do Rei Lear.
Em suma, uma pessoa pode sofrer intensamente, mas a intensidade do sofrimento, por si só, é drama e ainda não é tragédia. A pessoa deve também sentir essa poderosa Presença de “Algo” a seu lado, antes que seus sofrimentos possam ser genuinamente qualificados de trágicos. Deste ponto de vista, não concordariam que Lear causa uma impressão verdadeiramente trágica, ao passo que Gloucester suscita uma tanto dramática?
RESUMO DO LIVRO “PARA O ATOR”DE MICHEL CHEKHOV