CAPITULO 7 – INDIVIDUALIDADE CRIATIVA
Os sentimentos usuais, cotidianos são adulterados, impregnados de egoísmo, restringidos a necessidades pessoais, inibidos, insignificantes e, com freqüência, até inestéticos e desfigurados por inverdades. Não devem ser usados em arte. A individualidade criativa rejeita-os. Ela tem à sua disposição uma outra espécie de sentimentos – os completamente impessoais, purificados, libertos do egoísmo e, portanto estéticos, significativos e artisticamente verdadeiros. São os sentimentos que o eu superior outorga ao ator como inspiradores de sua atuação. (…) Tudo o que experimentamos e vivenciamos no decorrer da vida, tudo o que observamos e pensamos, tudo o que nos faz felizes ou infelizes, todas as nossas mágoas e satisfações, tudo o que buscamos ou evitamos, todas as nossas realizações e fracassos, tudo o que trouxemos conosco para a vida ao nascer – temperamento, aptidões, inclinações, quer permaneçam não realizadas, subdesenvolvidas ou superdesenvolvidas, tudo é parte da nossa região profunda a que se dá o nome de subconsciente. Aí, esquecidas por nós, passam pelo processo de purificação de todo egoísmo. Convertem-se em sentimentos per se. Assim depurados e transformados, tornam-se parte do material a partir do qual a individualidade do ator cria a psicologia, a “alma” ilusória da personagem.