Dando continuidade ao meu diário de bordo dos cursos que fiz nesse segundo semestre: tive experiências bem interessantes! Como está sendo maravilhoso voltar a ser uma estudante, sem qualquer pressão em ter que conseguir algum resultado imediato. São informações que ainda estou digerindo aos poucos, e como está me fazendo bem… Era a motivação que estava precisando!
Tive uma palestra sensacional com o Diretor de Teatro João Fonseca. Ouvi de uma maneira tão simples (essa “simplicidade” que mora a complexidade desse ofício que enlouquece os artistas!) sobre nossa preparação, para sermos flexíveis na profissão e aproveitar bem as oportunidades. Sempre guiado pela humildade e a necessidade de não ter que provar nada à ninguém. Atuar livre, pelo prazer de fazer. O bendito ser simples e aproveitar o presente.
Também dividiu a felicidade de participar de processos criativos em coletivo mas também o prazer dos projetos mais intimistas. Lembrou o cuidado que temos para não ficar preso em uma linguagem hermética, mas ser claro na composição dos personagens para ser fácil o entendimento. Uma conversa franca, direta e para livrar alguns mitos confusos que tomam conta desse mercado tão amplo. Um papo para você admirar ainda mais esse talentoso Diretor… E buscar mesmo a simplicidade e a comunicação direta. Sem muitas reticências ou devaneios. Incrível!
A aula com meu professor de Teatro da Faculdade (que eu amava as aulas) Alex Mello, foi mais prática e tão estimulante quanto. Ele falou sobre o processo de criação da Dramaturgia à partir de improvisações do grupo. E assim, o texto será construído em coletivo, algo totalmente original.
Para criar um texto mais autoral, tem que existir um líder para criar as regras e desenvolver:
1. A possibilidade de pegar um estímulo visual (artes plásticas) e partir do sensorial para a improvisação, de acordo com a obra que queira desenvolver.
2. O ideal é ter 2 Diretores para estabelecer dualidade e diferentes pontos de vista.
3. O exercício é: Existe uma situação limite que envolve alguém de fora da improvisação. Todos se preocupam em como resolver a situação do personagem “X”. Em um determinado momento, cada ator revela algo sobre sua relação com o personagem X. Aos poucos, um a um vai revelando (narrando em primeira pessoa e “quebrando a quarta parede”- dizendo diretamente para a platéia) e voltam a improvisar à partir dessas novas informações subtendidas. Um exercício que durou mais de 40 minutos e dá uma tensão espetacular. O ator tem que ouvir cada informação para acompanhar o rumo da história. Muito interessante!
4. Se tiver já um texto (peça/roteiro) existe uma forma do ator ser mais autoral na sua composição e ajudar a conduzir a obra com mais propriedade. O ator precisa estar de pé (em uma plataforma que fique mais alto que os outros), neutro e olhando para frente. Olhando para o nada mas em contato com si mesmo. Falando em terceira pessoa, começa a responder todas as perguntas que surgirem do grupo. Esse lençol de memória parte de um lugar mais intuitivo. Com um processo mais lento de criação, vão somando impressões. Essas respostas em terceira pessoa vai se quebrar no dia que o ator/atriz se sentir pronto para assumir o papel, conduzindo sua história na primeira pessoa.
Muito estimulante! Amei!
Beijos