O filme foi indicado ao Oscar de melhor trilha sonora (Dario Marianelli), melhor design de produção [Katie Spencer (decorador definido) Sarah Greenwood (desenhista de produção)], melhor fotografia (Seamus McGarvey) e levou o Oscar de 2013 de melhor figurino (Jacqueline Durran) além do BAFTA Film Award e TANTOS OUTROS!!
ELENCO:
FILMOGRAFIA DE JOE WRIGHT:
Depois de adaptar obras literárias para o cinema: “Orgulho e Preconceito” (2005), de Jane Austen, e “Desejo e Reparação” (2007), de Ian McEwan; além de rodar “O Solista” (2009), baseado no livro de Steve Lopez e “Hanna” (2011). Agora em 2012,Joe Wright filmou o roteiro adaptado por Tom Stoppard do romance de Leo Tolstoy publicado em 1877, o clássico russo “Anna Karenina”. Um romance ambientado na Rússia czarista, transformado em um belo filme que tive a feliz escolha de assistir nesse final de semana tão chuvoso e poético…
“Anna Karenina” é interpretada por Keira Knightley, que protagonizou os dois filmes de maior sucesso de Wright, “Orgulho e Preconceito” (2005), pelo qual recebeu a indicação ao Oscar de melhor atriz, e “Desejo e Reparação” (2007). Confesso que nunca fui muito fã do trabalho de Keira, tenho uma certa preguiça dos “bicos” que faz e de certas “máscaras” que representa, que acaba me afastando da verdade que seria o pulsar da personagem. Mas nesse longa percebo uma evolução latente dessa atriz (mesmo com certos clichês) e inevitavelmente observo com novos olhos… Vi e me identifiquei com uma atriz profunda e intuitiva… Complexa e impulsiva; e que agora conseguiu me emocionar com os conflitos da sua personagem. Jude Law está incrível mais uma vez e fugiu do estereótipo de galã, me comoveu com a fragilidade e força bem equilibrados desse complexo conflito. Mas Aaron Johnson não me convenceu mesmo como o viril Conde Vronsky. Achei a escalação ruim pois o ator não exala a masculinidade e força que poderiam representar o Conde mas ao mesmo tempo por aparentar ser bem jovem, questionamos desde o início, o fim que desencadearia essa relação. Pensando por esse lado… Se for esse o argumento da escalação, ponto mais uma vez para Joe Wrigth!
Por causa da crise internacional, o orçamento do projeto teve que ser diminuído e naturalmente levou à maestria da direção tão bem orquestrada. Optou por uma encenação que parecia uma peça filmada, me levou à um certo distanciamento no início mas encantou rapidamente pela magia da arte dramática – independente do veículo – e com a verdade unida a poesia que estava sendo encenada. É extremamente cativante ver um espetáculo tão bem coreografado e esteticamente atraente, que nos obriga a investigar até onde aquele cenário vai parar (e se transformar em algum lugar novo) ou simplesmente nos deixar levar pelas mãos e suas danças que entrelaçam o sentimento e exploram o olhar que dizem mais, muito mais do que algumas palavras clichês. Uma teatralidade muito bem representada onde não estamos acostumados a observar: na tela gigante do cinema. Observamos a mise-en-scène da trama ambientada pela aristocracia russa do século XIX, com uma criatividade linda e soluções geniais de transições de cenas. Além dos planos longos que algumas vezes nos faz simplesmente admirar ou “criticar” as escolhas da personagem, ainda há uma dinâmica mesmo quando as personagens estão sombrias e melancólicas.
“Em ‘Anna Karenina’ concebi como um balé com as palavras. Eu realmente amo a parte do meu trabalho que está bloqueando – o movimento dos atores no espaço, e suas relações físicas, e como você expressar isso através da câmera. Há um monte de artesanato envolvido nisso, mas há também o potencial para um monte de emoção. Há algo de mágico ou poético sobre o desempenho físico que eu estou atraído – é quase místico. Mas eu também acho que o movimento em relação às palavras é realmente interessante. Então, é como os dois operam juntos. A escolha de filmar em um teatro era sobre essa idéia de que eles estavam vivendo suas vidas como se em cima de um palco. O que eu achei interessante sobre a sociedade russa na época era o tipo de crise de identidade que eles estavam passando por socialmente, e também Anna parece estar passando por uma crise de identidade. O papel que ela tem adotado já não lhe cai bem, ela tem esta paixão violenta que precisa sair.” Joe Wright